domingo, junho 18, 2006

As minhocas e o grelo.

Em plena época de reprodução dos caracóis assexuados da Sibéria, eis que o monstro emerge da sua luxuriosa toca acompanhado da sua fiel e submissa monogamia, com um novo e quiçá brilhante plano, plano este construído para desequilibrar toda e qualquer cadeia alimentar. Este guloso plano consiste num conjunto de tortuosos jogos de controlo da mente das minhocas, esses bichos, “hermafroitos”, encontrados em locais húmidos e escuros infestados de peúgas sujas, que se deslocam rapidamente pelo ar, sempre, na ponta de um qualquer anzol, praticantes de sexo à moda antiga. Até agora todo bem, à parte da falta de sal, mas continuando, qual será o interesse de controlar a mente de um bicho que só se sabe enterrar em locais húmidos e escuros, bem o segredo reside nos seus esbeltos e maravilhosos cantos melódicos, em noites de orvalho. Em algumas obras da antiguidade estes cantos eram atribuídos a sereias, contudo com o evoluir do empirismo científico percebeu-se que não eram sereias, mas sim belas minhocas. Estes cantos são possuidores de propriedades mineral – organoléticas únicas que permitem que uma espécie de legume cresça desenfreadamente de modo a satisfazer o guloso apetite de viris homens, o famoso grelo, em tempos fresco e fofo, agora fresco e lavadinho, sempre presente em várias divisões do lar português, e sem grelo não há pepino que aguente, e nunca mais se exclamará, aquele ancestral provérbio: “- um grelinho, dois grelinhos, três grelinhos no meu quintal, e quero comer mais porque sou guloso!” Pois é, a situação é critica, o plano já decorre e em breve verificar-se-à escassez de bom grelo, e toda a gente sabe que a nabiça tem espinhas.

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